Uma empresa, qualquer que seja a forma societária na qual ela é assente, não é mais do que o resultado da agregação de um grupo de pessoas, que têm a vontade de juntar, umas capital – os sócios, outras trabalho – os colaboradores, no sentido de atingirem um fim, um objectivo concreto. Assumir o seu governo, o mesmo é dizer - assumir a sua gestão, é assumir responsabilidade pelo atingir desses objectivos concretos, como conclusão de um caminho trilhado por todas as pessoas que compõem essa mesma empresa.
Um país, por definição, é um território bem delimitado, com fronteiras territoriais reconhecidas por outras nações, onde habitam pessoas com características comuns, como o seu passado, a sua língua, a sua cultura, a sua história, entre outros traços identitários e diferenciadores. Governar um país, é assumir responsabilidade perante a sua história, perante os seus cidadãos, e muito particularmente, é assumir responsabilidades perante os interesses futuros, em termos de desenvolvimento e para se alcançarem metas claramente desejadas pelos cidadãos.
Ao gerir uma empresa, deve cuidar-se de respeitar a sua história e assumir a cultura da empresa, resultado de anos de práticas e processos, de contextos e de circunstâncias, e sobretudo de lideranças, quer de topo, quer intermédias, cada uma com influência na forma de estar na empresa, e na forma de assumir as responsabilidades de cada dia.
Ao governar um país, deve respeitar-se a sua história, o seu património, a sua cultura, e deve saber-se interpretar o interesse dos cidadãos, expresso na participação que estes realizam quer nos momentos eleitorais, quer nos movimentos cívicos que encabeçam.
A gestão das empresas torna-se mais eficiente e eficaz quando consegue impulsionar no seu seio, formas de participação dos seus colaboradores, com vista à expressão da opinião no que concerne ao futuro. A criação de fóruns, nos diversos níveis da empresa, onde se possam confrontar opiniões diversas, e recolher contributos para a melhoria de aspectos operacionais, tácticos ou estratégicos, para serem mais rapidamente ou melhor alcançados os objectivos, são medidas que devem ser implementadas e incentivadas pela gestão.
Da mesma forma, a governação de um país bebe dos contributos individuais ou colectivos, das chamadas de atenção ao rumo tomado, ou à fiscalização exercida, quer eles emanem dos partidos que suportam o governo, quer derivem da oposição.
Gerir uma empresa, que no seu interior não incute ‘Self-thinkers’, sem uma cultura que assente na diversidade de opiniões, e que não preserva e incrementa a participação, é gerir uma empresa condenada, que não cuida da motivação dos seus, colocando em risco a sua sustentabilidade social.
Governar um país sem oposição, ou sem uma oposição credível, que fiscalize a acção governativa é contribuir para um relaxamento da acção governativa.
Deve sempre existir uma oposição, forte na sua credibilidade, que apresente soluções alternativas, que seja capaz de interpelar o Governo, pelas suas más opções, pelas suas falhas, no sentido de melhorar qualitativamente a sua acção governativa, e que proporcione aos cidadãos uma melhor qualidade de vida, e incremente o nível de desenvolvimento social.
Ora, em Portugal vivemos, presentemente, uma situação que urge mudar.
No tecido empresarial português, por problemas que radicam nas lideranças, há uma clara ‘bonificação’ dos comportamentos que não contraditem as opiniões dos líderes, sejam eles de topo, sejam eles líderes intermédios. Há uma melhor aceitação dos geralmente designados de ‘yes-men’, em detrimento de procurar incentivar a participação livre na tomada de decisões, num processo de partilha da responsabilidade na consecução dessas mesmas decisões.
No nosso país, sente-se a falta de uma oposição, de facto capaz de apresentar argumentos convincentes e propostas diferenciadoras, em substituição de uma oposição que se baseia fundamentalmente na crítica e em censuras.
Uma oposição credível, alternativa, responsável e fiscalizadora é fundamental a um bom Governo.
Uma pressão interna indutora de mudanças organizacionais é fundamental a uma boa Gestão empresarial.In Jornal de Notícias em 18 Maio de 2008