Nascido em Matosinhos, 25 de junho de 1933), internacionalmente conhecido por Siza Vieira, é o mais conceituado e premiado arquiteto contemporâneo português.
Álvaro Siza Vieira é filho de Júlio Siza Vieira e Cacilda Ermelinda Camacho Carneiro. Do seu casamento, ele teve dois filhos, Joana Marinho Leite Siza Vieira e Álvaro Leite Siza Vieira, também arquiteto.
Siza Vieira estudou, entre 1949 e 1955, na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde lecionou, de 1966 a 1969, voltando em 1976 (sempre como professor assistente). Fortemente marcado pelas obras dos arquitetos Adolf Loos, Frank Lloyd Wright e Alvar Aalto, cedo ele conseguiu desenvolver a sua própria linguagem, embebida não só nas referências modernistas internacionais como também na forte tradição construtiva portuguesa, dos quais resultaram obras de um requinte e detalhe ímpares no modernismo português, dos quais se destaca a Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira. A isto, não é alheio, o relacionamento muito próximo com o arquiteto Fernando Távora, seu professor, e uma das principais referências da Escola do Porto, com quem colaborou de 1955 a 1958, desenvolvendo posteriormente forte amizade e cumplicidade criativa.
Souto Moura
É filho de José Alberto Souto de Moura, médico, natural de Braga, freguesia da Sé, e de sua mulher Maria Teresa Ramos Machado e irmão do 9.º procurador-geral da República Portuguesa José Adriano Machado Souto de Moura e de Maria Manuela Machado Souto de Moura.
Trabalhou com Álvaro Siza Vieira, mas cedo criou o seu próprio espaço de trabalho. Souto Moura, influenciado pela horizontalidade das linhas condutoras de Mies van der Rohe, tem nas casas o seu grande espólio de obras. É um dos expoentes máximos da chamada Escola do Porto, vencedor do Prémio Pritzker em 2011.
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José Marques da Silva (1869-1947)
A sua primeira obra de grande significado urbano foi a Estação de São Bento (1896-1916). Ela assinala de um modo monumental a reconfiguração urbana despoletada pela chegada do caminho-de-ferro ao centro da cidade. Não só se estava a reinventar o papel regional do Porto como um centro de serviços que exigia um novo aparato simbólico, como também a própria orgânica funcional do centro, definitivamente deslocado da cota baixa na Ribeira para a cota alta, na praça da Liberdade.
Na sequência natural da Estação, a Avenida dos Aliados foi o projecto urbano que consolidou essas dinâmicas e, como arquitecto municipal, Marques da Silva geriu os interesses do plano e coordenou a implementação dos projectos que a configuraram, para além de ter desenhado alguns dos seus edifícios.
Para além dessa função determinante na reinvenção do Porto, Marques da Silva construiu várias outras obras no centro da cidade, como o Teatro Nacional de São João (1910-1920), a conclusão do Palácio do Conde de Vizela (1920-1923), o Edifício das Quatro Estações (1905), os Liceus Alexandre Herculano (1914-1930) e Rodrigues de Freitas (1919-1933) e várias casas de habitação unifamiliares consolidaram no Porto o seu prestígio como arquitecto.
Também em Guimarães construiu obras de grande significado urbano, como a Sociedade Martins Sarmento (1903-1908), o Mercado Municipal (1927-1947) e o Santuário da Penha (1930-1947), assim como em Braga o Edifício das Obras Públicas (1905) e em Barcelos um prédio na rua Barjona de Freitas (1940).
Entre as suas principais obras conta-se também a Casa e Jardins de Serralves, no Porto, (1925-1943) onde, em sintonia com o seu cliente, conciliou as contribuições de prestigiados arquitectos franceses numa obra com qualidades singulares.
A sua obra funda-se na aprendizagem da arquitectura académica, primeiro no Porto na Academia de Belas Artes (1882-1889) e depois em Paris onde frequentou a École Nationale de Beaux-Arts (1889-1896).
A arquitectura das beaux-arts, consolidada ao longo de todo o século XIX, associou aos valores da tradição clássica as componentes da razão, promovendo esquemas de composição funcional (mais adaptados às mecânicas da vida moderna) guarnecidos com um aparato formal capaz de atribuir um carácter forte aos edifícios (garantido a presença decorativa). Visível sobretudo em edifícios monumentais, o expoente máximo é a Ópera de Paris (1860-1875) de Charles Garnier (1825-1898).
Marques da Silva formou-se nesse contexto beaux-arts, na companhia de estudantes Norte Americanos, Gregos, Russos, Italianos, Egípcios, Sul Americanos e Escandinavos que frequentavam o atelier de Victor Laloux (1850-1937).
Na viragem do século, quando Marques da Silva regressou ao Porto para iniciar a sua prática profissional, o programa internacionalmente divulgado das beaux-arts enfrentava desafios complexos. A principal desadequação dessa prática resultava dos processos construtivos que exigia, pouco adequados aos novos sistemas de produção industrial que então estavam em expansão.
Contudo, os ataques mais ferozes a que estava sujeita vinham do desajuste da sua expressão formal perante os desejos simbólicos de uma sociedade em transformação. Pode dizer-se que teve lugar um verdadeiro combate, entre os defensores da depuração formal eventualmente resultante das novas técnicas construtivas, aqueles que defendiam a manifestação simbólica de convicções políticas e, também, quem defendia o ecletismo “ao gosto do freguês”.
Nesse contexto de indefinição e antagonismos, Marques da Silva soube manter uma integridade disciplinar muito estável. Sem nunca trair a sua filiação beaux-arts, foi acertando a sua prática para corresponder às aspirações da sociedade.
Esse sentido de compromisso oportuno foi o motor da sua prática pedagógica. Entre 1913 e 1939 assumiu a direcção da Escola de Belas Artes do Porto, onde foi mestre de várias gerações de arquitectos.
O desenho, como instrumento central da prática do projecto, foi o motor do seu ensino, empenhado em transmitir processos metodológicos estáveis capazes de reagir às múltiplas solicitações da prática profissional. Foi uma estratégia que lhe garantiu a estima de várias gerações de arquitectos modernos que, partindo da base académica sedimentada por Marques da Silva, souberam reinventar a prática da arquitectura portuense.
Nas suas múltiplas frentes de actuação Marques da Silva deixou um legado duradouro na cultura arquitectónica portuense, na paisagem da cidade, na cultura de projecto dos arquitectos, nas práticas de ensino, numa certa forma de fazer e pensar a arquitectura que se foi consolidando no Porto ao longo do século.
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Nicolau Nasoni
O pintor e arquiteto de origem italiana, Nicolau Nasoni nasceu a 2 de junho de 1691, na Toscana, e faleceu a 30 de agosto de 1773, no Porto, recebendo sepultura na sua Igreja dos Clérigos - obra-prima do Barroco nortenho.
Discípulo do pintor Giuseppe Nasini, Nasoni inicia a sua carreira artísica na cidade de Siena. A sua formação como pintor é realizada através de encomendas de arte efémera, nomeadamente na construção e decoração de arcos de triunfo, carros alegóricos, etc. Na vertente da arquitetura, Nasoni aprendeu no atelier de Franchini e de Vicenzo Ferrati.
Após a sua estada em Siena, Nasoni dirige-se para Roma. A póxima etapa foi a Ilha de Malta. Em 1723 encontrava-se ao serviço do grão-mestre Frei António Manuel de Vilhena, incumbido de pintar algumas dependências do Palácio dos Grãos-Mestres em La Valetta. Aqui estabelece ligações com o portuense Frei Roque de Távora e Noronha, irmão do deão da Sé do Porto, conseguindo ser contratado para uma empreitada nas obras de renovação da Catedral portuense. Deste modo, em 1725, o artista estabelece-se definitivamente na cidade do Porto.
No panorama da pintura portuguesa setecentista, Nasoni destaca-se como pintor ilusionista, dominando a técnica do trompe l'oeil e da perspetiva, conferindo profundidade cenográfica a superfícies planas. Após a Sé do Porto, onde pinta a têmpera, Nasoni encarrega-se da pintura das abóbadas da Sé Catedral de Lamego, decorria o ano de 1737. Outros contratos são celebrados para efetivar pinturas na Igreja da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco do Porto, na Igreja de S. Pedro de Tarouca e ainda os tetos do Palácio do Freixo, no Porto.
Como arquiteto, Nasoni marcaria o Barroco setecentista na cidade do Porto e seu termo. A sua primeira e emblemática obra foi a Igreja, enfermaria e Torre dos Clérigos, cujo projeto foi apresentado em 1731 e a sua construção iniciada em 1732, é considerada a obra-prima do Barroco portuense.
No periodo compreendido entre os anos de 1743 e 1749, Nasoni encontra-se à frente das obras de remodelação da fachada da Igreja do Senhor Bom Jesus matosinhense, reedificando em 1745 a Igreja de Santa Marinha, em Vila Nova de Gaia, e estando ainda ativo em 1749 na reconstrução da Igreja da Misericórdia do Porto.
O labor deste artista italiano estendeu-se à arquitetura civil. O historiador Robert Smith atribui-lhe a autoria do risco da Quinta do Ramalde, da Quinta do Viso, da Quinta da Prelada, de Santa Cruz do Bispo e ainda do Palácio do Freixo. Provavelmente, embora a documentação seja omissa a esse respeito, Nasoni terá sido o autor do Solar de Mateus, palácio nos arredores de Vila Real.
O estilo arquitetónico de Nicolau Nasoni inscreve-se no universo de um Barroco de aparato e cenográfico, influenciado pela arquitetura italiana da Toscânia e de Roma. De volumetrias sólidas, linhas túrgidas e movimentadas, o seu Barroco decorativista estabeleceu escola no Norte de Portugal, influenciando decisivamente os artistas portugueses coetâneos.
Além da sua vertente de pintor-arquiteto, Nasoni idealizou diversos desenhos para peças de ourivesaria, modelos de escultura e ainda ornatos e retábulos em talha dourada, influenciando também assim os artistas do Barroco português.
Rem Koolhaas
Rem Koolhaas nasceu na Holanda, em 1944, e estudou Arquitectura em Londres. É um nome de referência incontornável na arquitectura contemporânea, autor de uma obra marcada por inúmeras distinções, como o Pritzker Prize e o Prémio de Arquitectura da União Europeia Mies van der Rohe.
Koolhaas criou em 1975 o OMA (Office for Metropolitan Architecture), em Roterdão, gabinete que, em 199, apresentou a proposta vencedora da Casa da Música do Porto.
Em 2007 foi atribuído à Casa da Música o prémio do Instituto Real dos Arquitectos Britânicos (RIBA), com o júri a classificar o edifício de "intrigante, inquietante e dinâmico".