sexta-feira, 31 de maio de 2013

O fim da Europa ?


Repetindo-me…
Só se podem resolver os grandes problemas económicos e monetários da Europa com medidas que sejam transversais a toda a Europa, que envolvam todos os países da União Europeia, não só os que participam da moeda única, numa unificação de procedimentos, medidas e de atitudes que defendam o EURO, que melhorem a competitividade do espaço europeu, permitindo reduzir o desemprego e criando oportunidades de investimento privado e público e possibilitando de novo o crescimento económico, com os consequentes ganhos sociais.

Aplicar medidas paliativas a grandes doenças ou enfermidades, apenas serve para amenizar a dor, e não para sanar, eliminar ou erradicar a doença. Infelizmente têm sido essas as atitudes dos governantes da União Europeia, e têm sido essas as medidas aplicadas por quem tem tido grandes responsabilidades na gestão deste espaço económico e monetário europeu. Parece até que os actuais líderes europeus já desistiram do projecto europeu, e já se estão a retirar da luta por um do sonho de uma Europa coesa, unida, solidária, desenvolvida, humana, próspera, harmoniosa, amiga, farol do desenvolvimento social e económico mundial.
Há hoje um total descrédito sobre a competência dos principais agentes políticos europeus porque há uma cada vez maior percepção que estes estão a deixar cair a Europa num buraco do qual dificilmente se conseguirá sair.

Podemos mesmo afirmar que se não há melhores medidas, não é porque não se sabem quais devem ser aplicadas, mas sim porque não se as querem aplicar. O que existe é uma total falta de vontade em resolver de vez os problemas actuais.
A Europa aplica no seu seio regras acerca da concorrência leal, acerca do cumprimento de legislação ambiental, acerca do cumprimento das regras de segurança alimentar, acerca do cumprimento de leis de higiene e segurança dos trabalhadores, impedindo bem o trabalho infantil, mas posteriormente abre as suas fronteiras comerciais à entrada de produtos originários de países cuja legislação não impõe essas mesmas regras, tornando os produtos desses países mais competitivos em termos de preço. Assiste-se à deslocalização das indústrias, outrora residentes na Europa, que aproveitam estas diferenças de legislação para se instalarem nessas outras geografias, saindo do espaço europeu deixando atrás de si vastos territórios de desemprego.

A Europa tarda em aplicar regras severas nas transacções financeiras, e demora em aplicar uma severa regulação financeira que imponha medidas de restrição directa a toda e qualquer especulação financeira e de forte punição à evasão fiscal, permitindo contudo que fundos financeiros residentes em paraísos fiscais funcionem livremente na Europa, fazendo as suas aplicações, e com elas moldando a economia e criando ou destruindo grupos económicos de acordo com o seu apetite voraz.
.A Europa não aplica as mais aconselháveis políticas monetárias, de forte emissão de moeda única, e de alteração do paradigma de intervenção do Banco Central Europeu, alterando a actual impossibilidade de auxílio directo aos países mais fragilizados da zona euro.

Qualquer europeu, seja ele do norte, seja ele do Sul, seja ele mais rico ou seja mais pobre, se questiona actualmente sobre o porquê da Europa. Antes tínhamos uma resposta. Hoje temos muitas dúvidas.

Rui Saraiva
Gestor

Publicado In Semanário Grande Porto - In 31 de Maio de 2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Escolhas


Acredito que há um significado para a nossa existência. Que existimos para desempenharmos uma função. Que todos nós temos um desígnio. Que não estamos cá apenas para viver simplesmente as nossas vidas. Todos nós temos um objetivo a cumprir em vida.

Acredito também que devemos deixar um legado, deixar um património não físico, deixar uma lembrança de nós, do que somos, do que fomos e do que fizemos.

Acredito que não sou o que possuo, mas sim o que defendo. Acredito que o que me caracteriza são os ideais que defendo, a minha forma de estar na vida, com os outros e principalmente comigo próprio.
Esse foi o legado que me foi deixado. Esse é o nome que gosto de assinar.

Acredito que a herança mais importante que podemos deixar e que devemos querer que perpetue esta nossa muito curta estadia e existência é o que fazemos pelos outros, são as nossas crenças fortes e convicções profundas que ficam junto de quem connosco convive, trabalha e se relaciona.
Esse património imaterial é o mais importante, é aquele que o tempo não consegue deteriorar, não consegue apodrecer e que quanto mais envelhece mais engrandece.

A actualidade em que vivemos, as circunstâncias em que nos encontramos, o mundo que nos rodeia é pleno de problemas, de imperfeições, de dramas, de injustiças, de discriminações, o que me faz convencer que o Homem não está a cumprir o seu papel.
Muitos factos e ocorrências durante a nossa vida até nos podem por vezes derrubar mas cabe a cada um de nós escolher se se quer manter no chão ou se opta por se voltar a pôr de pé.

A capacidade de resistência, de resiliência, e de insistir e nunca desistir, perante adversidades, injustiças, intolerâncias. A coragem para enfrentar todos aqueles que muito poder têm, mas que não o usam em benefício dos demais, mas sim para impor as suas visões sobre o mundo, senhores de uma razão absoluta, que gostam de determinar os destinos dos outros, desde que os mesmos sejam sempre em seu favor.
Esse é o meu caminho, aquele que gosto de trilhar. Esse é o percurso que escolhi para mim e do qual gostarei de ser recordado e pelo qual quererei ser lembrado. 

Rui Saraiva
Gestor

Publicado In Semanário Grande Porto - In 10 de Maio de 2013