Repetindo-me…
Só se podem resolver os
grandes problemas económicos e monetários da Europa com medidas que sejam
transversais a toda a Europa, que envolvam todos os países da União Europeia,
não só os que participam da moeda única, numa unificação de procedimentos,
medidas e de atitudes que defendam o EURO, que melhorem a competitividade do
espaço europeu, permitindo reduzir o desemprego e criando oportunidades de
investimento privado e público e possibilitando de novo o crescimento económico,
com os consequentes ganhos sociais.
Aplicar medidas
paliativas a grandes doenças ou enfermidades, apenas serve para amenizar a dor,
e não para sanar, eliminar ou erradicar a doença. Infelizmente têm sido essas
as atitudes dos governantes da União Europeia, e têm sido essas as medidas
aplicadas por quem tem tido grandes responsabilidades na gestão deste espaço
económico e monetário europeu. Parece até que os actuais líderes europeus já
desistiram do projecto europeu, e já se estão a retirar da luta por um do sonho
de uma Europa coesa, unida, solidária, desenvolvida, humana, próspera,
harmoniosa, amiga, farol do desenvolvimento social e económico mundial.
Há hoje um total
descrédito sobre a competência dos principais agentes políticos europeus porque
há uma cada vez maior percepção que estes estão a deixar cair a Europa num
buraco do qual dificilmente se conseguirá sair.
Podemos mesmo afirmar
que se não há melhores medidas, não é porque não se sabem quais devem ser
aplicadas, mas sim porque não se as querem aplicar. O que existe é uma total
falta de vontade em resolver de vez os problemas actuais.
A Europa aplica no seu
seio regras acerca da concorrência leal, acerca do cumprimento de legislação
ambiental, acerca do cumprimento das regras de segurança alimentar, acerca do
cumprimento de leis de higiene e segurança dos trabalhadores, impedindo bem o
trabalho infantil, mas posteriormente abre as suas fronteiras comerciais à
entrada de produtos originários de países cuja legislação não impõe essas
mesmas regras, tornando os produtos desses países mais competitivos em termos
de preço. Assiste-se à deslocalização das indústrias, outrora residentes na
Europa, que aproveitam estas diferenças de legislação para se instalarem nessas
outras geografias, saindo do espaço europeu deixando atrás de si vastos
territórios de desemprego.
A Europa tarda em
aplicar regras severas nas transacções financeiras, e demora em aplicar uma
severa regulação financeira que imponha medidas de restrição directa a toda e
qualquer especulação financeira e de forte punição à evasão fiscal, permitindo
contudo que fundos financeiros residentes em paraísos fiscais funcionem
livremente na Europa, fazendo as suas aplicações, e com elas moldando a
economia e criando ou destruindo grupos económicos de acordo com o seu apetite
voraz.
.A Europa não aplica as
mais aconselháveis políticas monetárias, de forte emissão de moeda única, e de
alteração do paradigma de intervenção do Banco Central Europeu, alterando a
actual impossibilidade de auxílio directo aos países mais fragilizados da zona
euro.
Qualquer europeu, seja
ele do norte, seja ele do Sul, seja ele mais rico ou seja mais pobre, se
questiona actualmente sobre o porquê da Europa. Antes tínhamos uma resposta.
Hoje temos muitas dúvidas.
Rui
Saraiva
GestorPublicado In Semanário Grande Porto - In 31 de Maio de 2013