O nosso Presidente da
Republica surpreendeu tudo e todos.
O PSD e o CDS-PP julgavam
que estavam sozinhos a jogar no tabuleiro político nacional. O PS estava a
tentar entrar no jogo, à espera que algum dos dois perdesse uma das principais partidas.
O árbitro redefiniu as
regras do jogo, e tornou-se no mais importante elemento do tabuleiro.
Perante duas hipóteses
possíveis, entre a dissolução da Assembleia da República e consequente
convocação de eleições antecipadas, solução essa reclamada por toda a oposição
parlamentar, e entre a aceitação da proposta de constituição de um novo governo
emanado de um forçado acordo entre o PSD e o CDS-PP o Presidente não escolheu
nenhuma destas soluções.
Cavaco Silva escolheu o
seu próprio caminho e aposta na sua própria solução.
Penso que todos os
portugueses concordam com o caminho proposto por este nosso Presidente.
Temos verdadeiramente o
nosso Presidente da República a agir na assumpção plena dos seus poderes
presidenciais e da sua muito importante responsabilidade.
O Presidente quer que
os três partidos do arco da governação e que assinaram o Memorando de
Entendimento (MoU), PS, PSD e CDS-PP se entendam subscrevendo um acordo
político de médio e longo prazo, que os comprometa e sobretudo comprometa o
nosso país com soluções políticas de longa duração, notoriamente credíveis, socialmente
sustentáveis, financeiramente equilibradas, e economicamente progressistas.
Caso os três partidos
não queiram seguir este caminho, e se recusem avançar para esta solução,
defendendo apenas as suas posições individuais, optando por interesses
particulares e partidários, de curto prazo, em detrimento do interesse
nacional, o nosso Presidente não vacilará, e não deixará de os responsabilizar
pelo sucedido.
Quer o PS, quer o PSD quer o
CDS-PP não podem deixar de responder positivamente a este apelo, e a esta
chamada de Cavaco Silva, e não podem deixar de pensar no bem comum, e nos
interesses dos portugueses. Mesmo que para tal os alguns líderes destes três
partidos tenham de abdicar de posições políticas anteriormente irrevogáveis, ou
mesmo que outros tenham de sair de cena.
É o momento do tudo ou
nada.
É o momento da
responsabilidade, tudo o que for dito, afirmado publicamente ou em surdina,
todos os gestos, todas as posições políticas assumidas ou percebidas, terão
consequências no futuro, para os próprios e para todos os outros.
Ninguém nestes três
partidos se pode furtar a este momento. Os olhos de todos estão colocados sobre
todos os políticos, sobre os que estão no poder e sobre aqueles que querem
chegar ao poder. A credibilidade deve ser a base das propostas políticas, a
alternativa far-se-á na contribuição que cada um fizer para o acordo de
salvação nacional.
É uma decisão política
de muito elevado risco. Ao propor esta solução Cavaco Silva está a jogar toda a
sua longuíssima carreira política num provável último gesto mas também
provavelmente a mais importante decisão política da sua vida.
Tem de ser possível
alcançar esta Solução Presidencial.
Rui
Saraiva
GestorPublicado In Semanário Grande Porto - In 12 de Julho de 2013