Um Presidente da República tem uma muito elevada representação política, devidamente inscrita na nossa lei fundamental, que deve sempre procurar defender, e cujo simbolismo do cargo está bem presente na mente de todos os portugueses, e no enorme reconhecimento que os portugueses normalmente atribuem a quem ocupa este cargo.
É o mais alto cargo político nacional, com um carácter institucional claro, evidente até porque cumpre o papel de último refúgio político-institucional, ao qual se deve recorrer em última instância, quando todas as outras instituições e poderes falharem no cumprimento do papel que lhes cabe.
Este lugar deve ser ocupado por quem saiba interpretar na sua plenitude a sua altíssima relevância política e institucional, sabendo manter a distância necessária dos demais poderes constitucionais, para nunca se deixar envolver em questões de natureza partidária, e saber ser árbitro em conflitos de poderes que por vezes podem ocorrer entre o poder executivo, o poder legislativo ou o poder judicial.
Sendo o mais alto magistrado da nossa nação, tem o poder fundamental de todas as explicações poder exigir e de, até concluir querer devolver aos portugueses a decisão da escolha dos seus dirigentes nacionais, ou demitindo o governo, ou por dissolução da Assembleia da República.
Ora, o nosso atual PR não tem cumprido este seu fundamental papel, ora porque não tem garantido a suficiente distância ora por não ter sido o árbitro com o nível de exigência que os portugueses precisam, por evidentes repetidos erros de avaliação da realidade política envolvente.
Será um problema de nariz ?
Em 2013, em pleno Verão, aquando da maior crise política do atual governo, com a irrevogável demissão do Ministro Paulo Portas, atirou o problema para cima da oposição, colocando a responsabilidade da decisão da estabilidade governativa num acordo político forçado entre o Governo ( que mantinha fragilmente suspensa por fios a coligação) e o PS, tentando comprometer o PS numa solução política, garantindo-lhe em troca a antecipação das eleições legislativas para 2014.
O PR considerou publicamente que o problema da estabilidade governativa, política e parlamentar, não estava no forte desequilíbrio e grave desentendimento existente no seio do próprio governo, mas sim no comprometimento que faltava assegurar, relativamente às medidas de austeridade em curso, da parte do maior partido da oposição.
Será um problema de nariz ?
No caso BES, em 2014, o nosso Presidente garantiu publicamente aos portugueses que tudo estava bem, e que podiam confiar nas instituições, dando com as suas declarações as garantias para que muitos milhares de portugueses continuassem a manter e reforçar os seus investimentos no Banco, e a confiar nas instituições que regulam o setor, seja o Banco de Portugal, seja a Comissão de Mercados de Valores Mobiliários.
Será um problema de nariz ?
A mim este assunto sempre me cheirou a esturro, desde 2013, quando se tornaram publicamente evidentes as notícias que denotavam já a existência de problemas de enorme dimensão na gestão do BES, através das quais se conheciam fortes sinais de desunião interna, e de pouca assumpção de responsabilidades da parte dos reguladores do setor bancário e da bolsa nacional. Hoje são estes factos comprovados pelos diversos testemunhos tornados públicos nos trabalhos da comissão de inquérito da AR aos problemas ocorridos no BES.
No caso das dívidas do nosso Primeiro Ministro à Segurança Social, o nosso PR afirmou não se querer intrometer neste assunto por lhe ter "cheirado a um caso político-partidário", não percebendo a profunda gravidade do que estava a ocorrer.
O nosso atual PR não interpretou a realidade dos fatos políticos, e não relevou da sua enorme gravidade política, por existir um PM que sabendo desde 2012 ter essas dívidas por saldar à Segurança Social, decidiu conscientemente não as pagar, tendo só saldado essas dívidas em 2015, antes da publicação de uma notícia num jornal.
Ora este caso não surgiu de uma atuarda partidária, nem teve origem em qualquer partido político, mas sim de uma investigação jornalística de um conceituado jornalista, em trabalho para um jornal diário de relevante expressão e dimensão.
Será um problema de nariz ?
E estava em causa toda a credibilidade política de todo um Governo, porque quando um Primeiro Ministro conhecendo as suas dívidas considerou que se as pagasse que iria ser considerado como tendo usufruído de benefícios pelo desempenho do seu cargo. Isto ao invés do que de fato aconteceu, pois ao não as ter conscientemente pago desde 2012, e nada lhe ter acontecido até 2015, como aconteceu a tantos outros milhares de portugueses, podemos afirmar que efetivamente não lhe foram aplicadas as mesmas regras exigidas a todos os demais contribuintes.
Este caso, a mim, cheirou-me politicamente muito mal...
No último dos seus 'Roteiros' o nosso PR vem sugerir um perfil para quem deve ocupar o lugar de Presidente da República, o que, no atual contexto político, é por todos interpretado como uma tentativa de escolha do seu sucessor, que daqui a menos de um ano será escolhido pelos portugueses. Uma vez mais o PR quebrou um dos mais fundamentais princípios republicanos em que a escolha de quem deve ocupar os mais altos cargos políticos compete em exclusivo ao povo, por escolha democrática, por sufrágio direto e universal, e não devem depender de 'indicações' ou de 'sugestões' de qualquer nível, ou de tentativas de enviesamento, muito menos por quem ocupa antes esses mesmos lugares.
Quer à esquerda quer à direita do espectro político português todos perceberam que era uma tentativa de condicionamento das escolhas dos putativos candidatos ao lugar de próximo PR, numa tentativa de anulação de algumas vontades pessoais, e de patrocínio de outras, incentivando mesmo alguns que ainda não pretendem avançar.
Será um problema de nariz ?
Também neste caso o PR afirma ter sido mal interpretado por todos, menos por si, que sentiu o odor da certeza inabalável de quem sabe que o que diz terá a correta interpretação dos demais, de todos os outros. Esses sim, são todos aqueles que não possuem o seu apurado sentido de olfato político para conseguir perceber qual o sentido das suas afirmações.
Por isto tudo, anteriormente referido, concluo pois que o nosso atual Presidente da República perdeu as suas capacidades político-olfativas para desempenhar bem as suas funções.
É o mais alto cargo político nacional, com um carácter institucional claro, evidente até porque cumpre o papel de último refúgio político-institucional, ao qual se deve recorrer em última instância, quando todas as outras instituições e poderes falharem no cumprimento do papel que lhes cabe.
Este lugar deve ser ocupado por quem saiba interpretar na sua plenitude a sua altíssima relevância política e institucional, sabendo manter a distância necessária dos demais poderes constitucionais, para nunca se deixar envolver em questões de natureza partidária, e saber ser árbitro em conflitos de poderes que por vezes podem ocorrer entre o poder executivo, o poder legislativo ou o poder judicial.
Sendo o mais alto magistrado da nossa nação, tem o poder fundamental de todas as explicações poder exigir e de, até concluir querer devolver aos portugueses a decisão da escolha dos seus dirigentes nacionais, ou demitindo o governo, ou por dissolução da Assembleia da República.
Ora, o nosso atual PR não tem cumprido este seu fundamental papel, ora porque não tem garantido a suficiente distância ora por não ter sido o árbitro com o nível de exigência que os portugueses precisam, por evidentes repetidos erros de avaliação da realidade política envolvente.
Será um problema de nariz ?
Em 2013, em pleno Verão, aquando da maior crise política do atual governo, com a irrevogável demissão do Ministro Paulo Portas, atirou o problema para cima da oposição, colocando a responsabilidade da decisão da estabilidade governativa num acordo político forçado entre o Governo ( que mantinha fragilmente suspensa por fios a coligação) e o PS, tentando comprometer o PS numa solução política, garantindo-lhe em troca a antecipação das eleições legislativas para 2014.
O PR considerou publicamente que o problema da estabilidade governativa, política e parlamentar, não estava no forte desequilíbrio e grave desentendimento existente no seio do próprio governo, mas sim no comprometimento que faltava assegurar, relativamente às medidas de austeridade em curso, da parte do maior partido da oposição.
Será um problema de nariz ?
No caso BES, em 2014, o nosso Presidente garantiu publicamente aos portugueses que tudo estava bem, e que podiam confiar nas instituições, dando com as suas declarações as garantias para que muitos milhares de portugueses continuassem a manter e reforçar os seus investimentos no Banco, e a confiar nas instituições que regulam o setor, seja o Banco de Portugal, seja a Comissão de Mercados de Valores Mobiliários.
Será um problema de nariz ?
A mim este assunto sempre me cheirou a esturro, desde 2013, quando se tornaram publicamente evidentes as notícias que denotavam já a existência de problemas de enorme dimensão na gestão do BES, através das quais se conheciam fortes sinais de desunião interna, e de pouca assumpção de responsabilidades da parte dos reguladores do setor bancário e da bolsa nacional. Hoje são estes factos comprovados pelos diversos testemunhos tornados públicos nos trabalhos da comissão de inquérito da AR aos problemas ocorridos no BES.
No caso das dívidas do nosso Primeiro Ministro à Segurança Social, o nosso PR afirmou não se querer intrometer neste assunto por lhe ter "cheirado a um caso político-partidário", não percebendo a profunda gravidade do que estava a ocorrer.
O nosso atual PR não interpretou a realidade dos fatos políticos, e não relevou da sua enorme gravidade política, por existir um PM que sabendo desde 2012 ter essas dívidas por saldar à Segurança Social, decidiu conscientemente não as pagar, tendo só saldado essas dívidas em 2015, antes da publicação de uma notícia num jornal.
Ora este caso não surgiu de uma atuarda partidária, nem teve origem em qualquer partido político, mas sim de uma investigação jornalística de um conceituado jornalista, em trabalho para um jornal diário de relevante expressão e dimensão.
Será um problema de nariz ?
E estava em causa toda a credibilidade política de todo um Governo, porque quando um Primeiro Ministro conhecendo as suas dívidas considerou que se as pagasse que iria ser considerado como tendo usufruído de benefícios pelo desempenho do seu cargo. Isto ao invés do que de fato aconteceu, pois ao não as ter conscientemente pago desde 2012, e nada lhe ter acontecido até 2015, como aconteceu a tantos outros milhares de portugueses, podemos afirmar que efetivamente não lhe foram aplicadas as mesmas regras exigidas a todos os demais contribuintes.
Este caso, a mim, cheirou-me politicamente muito mal...
No último dos seus 'Roteiros' o nosso PR vem sugerir um perfil para quem deve ocupar o lugar de Presidente da República, o que, no atual contexto político, é por todos interpretado como uma tentativa de escolha do seu sucessor, que daqui a menos de um ano será escolhido pelos portugueses. Uma vez mais o PR quebrou um dos mais fundamentais princípios republicanos em que a escolha de quem deve ocupar os mais altos cargos políticos compete em exclusivo ao povo, por escolha democrática, por sufrágio direto e universal, e não devem depender de 'indicações' ou de 'sugestões' de qualquer nível, ou de tentativas de enviesamento, muito menos por quem ocupa antes esses mesmos lugares.
Quer à esquerda quer à direita do espectro político português todos perceberam que era uma tentativa de condicionamento das escolhas dos putativos candidatos ao lugar de próximo PR, numa tentativa de anulação de algumas vontades pessoais, e de patrocínio de outras, incentivando mesmo alguns que ainda não pretendem avançar.
Será um problema de nariz ?
Também neste caso o PR afirma ter sido mal interpretado por todos, menos por si, que sentiu o odor da certeza inabalável de quem sabe que o que diz terá a correta interpretação dos demais, de todos os outros. Esses sim, são todos aqueles que não possuem o seu apurado sentido de olfato político para conseguir perceber qual o sentido das suas afirmações.
Por isto tudo, anteriormente referido, concluo pois que o nosso atual Presidente da República perdeu as suas capacidades político-olfativas para desempenhar bem as suas funções.
Rui Saraiva
Gestor