sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Nascer 2 vezes

A seriedade e a honestidade de um qualquer indivíduo não pode, nem deve nunca ser avaliada em termos relativos.
Declarar que um cidadão é mais honesto do que outro, ou afirmar que um cidadão é mais sério que outro, é uma comparação para a qual não estou disponível.
A seriedade e a honestidade são valores absolutos.
Ou se é honesto ou se não é. Ou se é sério ou se não é.
Quando se caracteriza, um indivíduo relativamente a um outro indivíduo, corre-se o risco de concluir que apesar de um ser mais sério e honesto que outro, poder no entanto não o ser em termos absolutos.
Este tipo de comparações serve a quem quer suavizar uma qualquer acção ou inacção, ou pretende ‘arranjar desculpas’, focando a atenção naqueles que são por si considerados menos sérios ou menos honestos, numa tentativa de ‘passar seco por entre as pingas da chuva’.  
Ora um dos candidatos às eleições presidenciais sentenciou o país, colocando-se acima de todos os portugueses, dizendo-se mais sério que todos nós.
Pode este facto ficar para sempre adormecido na história política portuguesa?
Não pode!
E não pode, porque esse candidato será muito provavelmente o próximo Presidente da República nos próximos cinco anos, numa repetição de um exercício passado, que provou não ser competente na gestão política dos dossiers, na adequação dos timings, na forma da intervenção, na relação com outros órgãos de soberania, enfim até no fundamental afastamento da agenda político-partidária.
Mas percebe-se… quem conhece minimamente a evolução económica deste país, quer em termos macro quer em termos micro, e sabe como este candidato, que nos acompanha como político há mais de 30 anos, se furta na assumpção de quaisquer responsabilidades por tudo o que de mal foi executado.
Foi ministro das finanças, no início da década de 80, antes da segunda vinda do FMI a Portugal, foi primeiro ministro do nosso país durante 10 anos e, com um ‘tabu’, tentou fazer esquecer os erros da sua governação na direcção económica que incutiu ao país que dirigia. Esses erros foram claros na canalização dos fundos da CEE para a construção de estradas, demasiadas vezes mal construídas, para a construção de rotundas para deleite de autarcas, na destruição de indústrias transformadoras, na capitulação perante os países mais fortes da CEE permitindo a redução e quase extinção da nossa frota pesqueira, e permitindo também a quase extinção da produção agrícola nacional.
Esses erros são hoje impossíveis de esconder. ~
Assumir erros é também ser-se sério
In Semanário Grande Porto em 21 de Janeiro de 2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Declaração de Interesses

É este o primeiro artigo de opinião que publico neste semanário, numa colaboração quinzenal, que surge na sequência do muito amável convite que me foi dirigido pelo Dr. Rogério Gomes, director deste jornal. 
Aceitei-o desde logo porque tenho uma forte ligação afectiva aos jornais. Filho que sou do José Saraiva, jornalista do Porto, que na década de 80, escolhido pelos colegas de profissão chegou a director do JN, grande jornal do nosso país, dele herdei o gosto pela leitura e pela escrita.
Acresce a isto que a minha colaboração com o ‘Grande Porto’ assenta na minha vontade de contribuir para que este jornal concretize os seus objectivos e se torne numa leitura ‘obrigatória’ para todos, numa clara viragem face ao anterior mas ainda recente declínio de publicações marcantes como o ‘Primeiro de Janeiro’ ou o ‘Comércio do Porto’, originárias deste meu Porto.
Aproveito este primeiro artigo, neste início de 2011, para fazer a minha ‘declaração de interesses’ para memória futura.
Nasci no dia da independência, no ano da liberdade, 4 de Julho de 1974, que me confere a enorme responsabilidade da defesa intransigente da liberdade de opinião e de expressão, do respeito pelos outros e das suas diferenças, e na procura da garantia da igualdade de oportunidades para todos.
Oriundo de uma família de esquerda, humilde e trabalhadora, mas de fortes personalidades e de convicções estruturadas, procuro continuar a defesa da minha cidade e da região Norte, como forma de defender os interesses do país.
Acredito numa democracia pluripartidária de base parlamentar, e na política como actividade nobre, expressão melhor da cidadania, que deve saber aproximar-se dos cidadãos para melhor conhecer os seus anseios mas também para melhorar a transparência da sua acção.
Sinto que o actual modelo político precisa de profundo melhoramento, com a criação das Regiões, com executivos eleitos, que substituam os distritos e absorvam os organismos desconcentrados do estado, devidamente completado por uma reorganização autárquica, com menos autarquias, sejam câmaras e/ou juntas de freguesia. Defendo ainda os círculos uninominais e a redução do número de deputados na Assembleia da República.
No meu código genético está bem gravada a independência de pensamento, que cultivo por via do questionamento permanente da realidade, procurando sempre melhorar a sua expressão.
Espero que esta colaboração com o ‘Grande Porto’ seja uma das melhores formas da sua concretização.

In Semanário Grande Porto