Estamos a presenciar o advento de uma nova era, um novo ciclo para o qual devemos todos estar preparados. O Mundo apresenta-se cheio de desafios, pleno de novos problemas, repleto de obstáculos que importam conhecer detalhadamente.
Vivemos já sob os efeitos das alterações climáticas, com os seus já muito visíveis fenómenos climatéricos repentinos com concentração no espaço e no tempo. Somos actores do fim da era do petróleo, com uma crise energética mundial com a sua enorme e imparável escalada de preços. A crise alimentar mundial é também uma realidade, com crescente falta de capacidade de produção de alimentos que permitam satisfazer as necessidades da humanidade.
De tudo isto Portugal não se consegue isolar, nem amenizar os efeitos sobre si, e depara-se com a adição de novos problemas próprios da sua realidade.
A pequena economia portuguesa não revela capacidade de crescer e se desenvolver, porque demasiado fragmentada em pequenos agentes económicos, em que outros, poucos, de maior dimensão estão muito dependentes do Estado. A economia portuguesa não tem capacidade para satisfazer as necessidades internas, quer alimentares, quer ao nível dos produtos industriais. A economia concentrou-se no sector terciário e na prestação de serviços, cujas características intrínsecas limitam a facilidade de os transaccionar em mercados internacionais. A crise económica é evidente.
A sociedade portuguesa também passa por momentos muito complicados, com uma taxa de desemprego agora sempre acima dos 11%, o que provoca uma enorme responsabilidade sobre os mecanismos de protecção social existentes. É uma sociedade envelhecida, que aumentará esse desequilíbrio pelas suas taxas de natalidade das mais baixas da Europa, e ainda pouco qualificada. A crise social aprofunda as dificuldades de Portugal.
O país tem dificuldades financeiras, com despesas privadas e públicas acima das suas capacidades próprias de geração de riqueza. O recurso contínuo a endividamento externo ao longo de cerca de duas décadas provocou um nível de endividamento global do país acima da média europeia. As dificuldades cada vez maiores em conseguir obter novos financiamentos para pagar os financiamentos passados e as novas necessidades, quer ainda para pagar os juros dos financiamentos existentes, tornam quase uma realidade o insucesso na obtenção de novos financiamentos. A crise financeira restringe os caminhos possíveis de resolução dos problemas.
A tudo isto somou-se, em Março passado, uma crise política, decorrente da tensão entre todos os partidos, o que levou à ocorrência da demissão do governo e a dissolução da Assembleia da República. A crise política provoca ainda mais incerteza em todos.
Perante este cenário todos os agentes políticos têm de mostrar que estão à altura das suas ambições e os líderes partidários têm de demonstrar que estão à altura do país que querem governar.
Na campanha eleitoral para as eleições do próximo dia 5 de Junho, os políticos e os dirigentes partidários têm que corresponder às palavras de Fernando Pessoa quando escreveu: “ Porque eu sou do tamanho do que vejo; E não, do tamanho da minha altura...”
Esta é a nossa única exigência.
In Semanário Grande Porto - 6 de Maio 2011
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