sexta-feira, 12 de julho de 2013

Salvação Nacional


O nosso Presidente da Republica surpreendeu tudo e todos.

O PSD e o CDS-PP julgavam que estavam sozinhos a jogar no tabuleiro político nacional. O PS estava a tentar entrar no jogo, à espera que algum dos dois perdesse uma das principais partidas.

O árbitro redefiniu as regras do jogo, e tornou-se no mais importante elemento do tabuleiro.

Perante duas hipóteses possíveis, entre a dissolução da Assembleia da República e consequente convocação de eleições antecipadas, solução essa reclamada por toda a oposição parlamentar, e entre a aceitação da proposta de constituição de um novo governo emanado de um forçado acordo entre o PSD e o CDS-PP o Presidente não escolheu nenhuma destas soluções.

Cavaco Silva escolheu o seu próprio caminho e aposta na sua própria solução.

Penso que todos os portugueses concordam com o caminho proposto por este nosso Presidente.

Temos verdadeiramente o nosso Presidente da República a agir na assumpção plena dos seus poderes presidenciais e da sua muito importante responsabilidade.

O Presidente quer que os três partidos do arco da governação e que assinaram o Memorando de Entendimento (MoU), PS, PSD e CDS-PP se entendam subscrevendo um acordo político de médio e longo prazo, que os comprometa e sobretudo comprometa o nosso país com soluções políticas de longa duração, notoriamente credíveis, socialmente sustentáveis, financeiramente equilibradas, e economicamente progressistas.

Caso os três partidos não queiram seguir este caminho, e se recusem avançar para esta solução, defendendo apenas as suas posições individuais, optando por interesses particulares e partidários, de curto prazo, em detrimento do interesse nacional, o nosso Presidente não vacilará, e não deixará de os responsabilizar pelo sucedido.

Quer o PS, quer o PSD quer o CDS-PP não podem deixar de responder positivamente a este apelo, e a esta chamada de Cavaco Silva, e não podem deixar de pensar no bem comum, e nos interesses dos portugueses. Mesmo que para tal os alguns líderes destes três partidos tenham de abdicar de posições políticas anteriormente irrevogáveis, ou mesmo que outros tenham de sair de cena.    

É o momento do tudo ou nada.

É o momento da responsabilidade, tudo o que for dito, afirmado publicamente ou em surdina, todos os gestos, todas as posições políticas assumidas ou percebidas, terão consequências no futuro, para os próprios e para todos os outros.

Ninguém nestes três partidos se pode furtar a este momento. Os olhos de todos estão colocados sobre todos os políticos, sobre os que estão no poder e sobre aqueles que querem chegar ao poder. A credibilidade deve ser a base das propostas políticas, a alternativa far-se-á na contribuição que cada um fizer para o acordo de salvação nacional.

É uma decisão política de muito elevado risco. Ao propor esta solução Cavaco Silva está a jogar toda a sua longuíssima carreira política num provável último gesto mas também provavelmente a mais importante decisão política da sua vida.

Tem de ser possível alcançar esta Solução Presidencial. 

Rui Saraiva
Gestor

Publicado In Semanário Grande Porto - In 12 de Julho de 2013

1 comentário:

  1. Visto agora, felicito o Rui pela sua coragem em assumir esta posição. Infelizmente cada vez mais me parece que os políticos portugueses, na sua generalidade, estão com o síndroma do precipício. E cada vez estamos mais perto de nos espatifarmos lá em baixo, bem no fundo...

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