sexta-feira, 1 de julho de 2011

Francisco Seguro

Uma verdade repetidas vezes confirmada ao longo da história política mundial sobretudo nos países do ocidente democrático é a de que a seguir a uma liderança político-partidária forte jamais se segue uma outra igualmente impactante. Os politólogos afirmam mesmo que após essa liderança político-partidária forte e impressiva se sucede normalmente uma outra liderança política mais débil, menos visível, apelidada ‘de transição’, que tem por objectivo ‘fazer a travessia do deserto’, para que então mais tarde possa aparecer uma outra liderança capaz de levar esse partido a novas vitórias políticas. Talvez assistamos muito em breve a uma excepção que possa confirmar essa ‘regra’.
A saída de José Sócrates de Secretário-Geral do Partido Socialista após a derrota nas últimas eleições legislativas do passado dia 5 de Junho, obriga a que seja escolhido um seu sucessor. Apresentam-se como os mais fortes para essa sucessão dois homens sérios, com extenso percurso político, quer a nível partidário, quer em termos de experiência no desempenho de funções ora governativas ora de representação parlamentar. António José Seguro e Francisco Assis são candidatos de elevado valor, reconhecidos no PS mas principalmente na sociedade portuguesa e são ambos capazes de dar ao PS a necessária energia que lhe permita reganhar a confiança em si próprio, ultrapassando as sequelas do recente desaire eleitoral.
O próximo líder do PS não irá ser, nos próximos quatro anos, primeiro-ministro. Alguns socialistas ainda não perceberam que o PS será, nos próximos tempos, apenas o maior partido da oposição e o próximo secretário-geral do PS será o líder dessa oposição. E esse papel tem uma enorme responsabilidade associada.
Para fora, o novo PS deverá ser fiscalizador, participativo, negociador e proponente de alternativas para o atingimento dos objectivos e dos compromissos que também subscreveu, mas por caminhos que sejam aqueles que percorrem a sua matriz ideológica. Para dentro, o novo PS deverá reposicionar-se à esquerda rejuvenescendo os seus dirigentes. O PS não pode fazer, como apenas alguns defendem ‘a mudança na continuidade’, para que esses se mantenham à frente dos seus destinos, e que são os mesmos que traçaram a estratégia política que saiu derrotada pelos portugueses nas últimas eleições.
Como grandes desafios do próximo líder do PS serão a sua capacidade em contribuir para a implementação efectiva da Regionalização e as Eleições Autárquicas de 2013, que deve saber preparar cuidadosamente, contribuindo também para as mudanças necessárias na reorganização administrativa do país, começando pelo mapa autárquico, com a redução e fusão de câmaras e de juntas de freguesia e com as fundamentais alterações na lei eleitoral autárquica, defendendo os executivos monocolores e o reforço do poder de fiscalização das Assembleias Municipais.
Estou convictamente Seguro que assim vai ser.

Por Rui Saraiva, publicado In Semanário Grande Porto, 1 de Julho de 2011

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