Europa, velho continente que no decorrer da sua longa história, foi palco de mudanças múltiplas e diversas, palco de guerras, umas ‘Santas’, outras ‘Grandes’ e outras ‘Frias’, de conquistas e de reconquistas, com ‘cortinas de ferro’ e ‘muros’ de separação, território de ‘inquisição’ mas também de ‘liberdade’, de ‘descoberta’ e ‘iluminismo’, mas também de ‘sombras’ recusa de ‘novos pensamentos’, continente de ‘temerários descobridores’ e de refundada ‘cultura’, mas também de ‘perseguição’ e tentativa de ‘eliminação da diversidade’.
Esta Europa será capaz, uma vez mais, de se reinventar e de definir o seu caminho. A sua força reside no seu passado e na diversidade que sempre soube integrar. Esta Europa superará os tempos presentes difíceis em que vive e saberá ser novamente uma referência para o resto do mundo.
Esta Europa vive hoje um novo grande desafio, faltando-lhe saber reencontrar-se e perceber o que quer ser no seu futuro. A crise da dívida soberana, a crise do euro, a crise financeira e orçamental dos países europeus só pode ser ultrapassada de forma conjunta, aglutinando todos os países num mesmo percurso.
O caminho que melhor vislumbro ser percorrido contempla a governação económico-financeira conjunta, com a criação de mecanismos que permitam ao Banco Central Europeu a emissão de dívida para todo o espaço dos países do euro, que alguns apelidam de ‘eurobonds’.
Este movimento permitiria num primeiro momento ‘trocar’ a dívida antiga de cada país por uma parte da nova dívida da Europa, ‘dinheiro novo’, com novas maturidades, e novas condições financeiras associadas. Esse ‘dinheiro novo’ seria canalizado para cada um dos países, mas devidamente acompanhado de condições detalhadas e quantificadas e metas temporais que deveriam ser cumpridas por cada um desses países, sob a devida vigilância da nova governação económica e financeira conjunta.
O risco dessa dívida europeia (‘rating’) seria o risco resultante da soma ponderada dos riscos de todos os países do eurogrupo.
Também defendo que deveria ser criada uma agência de rating europeia, mas ao contrário de todas as opiniões que até hoje conheço, defendo que esta agência se deveria apenas ocupar em analisar os riscos dos demais países, que estão fora do próprio espaço.
Depois defendo que deveria haver uma desvalorização substancial do euro, com uma significativa emissão de moeda, tendo em vista à melhoria da competividade económica da Europa face a outros espaços como os Estados Unidos, a China, o Japão, o Brasil ou mesmo a Índia.
Há ainda quem acredite na Europa…
Rui Saraiva
Gestorpublicado no Semanário Grande Porto - In 29 de Julho de 2011
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