sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Consciência Global

“Depois da tempestade vem a bonança”. São estes sábios pensamentos, transpostos para a sabedoria popular, nestes pequenos ditados que passam imutáveis de geração em geração, que muitas vezes nos ajudam a relativizarmos a dura realidade que nos envolve. Ora porque comparamos o nosso tempo com a realidade passada, por terem sido esses tempos mais difíceis, ora porque lhe damos um enquadramento diferente, colocando antes e em primeiro plano, no centro das nossas atenções, tudo aquilo que mais importância e significado tem para nós.

Num momento em que toda a humanidade se encontra perante crises de origens diversas e com graus de profundidade muito diferentes, assistimos à tomada de consciência global de que algo tem de ser feito e de que só o poderá ser com o contributo simultâneo de todos, de uma forma global.

Começamos a ter alguns sinais que nos permitem ter esperança num futuro melhor.

Como nunca antes pudemos assistir todo o nosso planeta se manifestou, no passado Sábado 15 de Outubro. Milhões de cidadãos, do Oriente ao Ocidente, do hemisfério sul ao hemisfério norte, na Austrália, em Taiwan, na Europa, nos Estados Unidos, milhões exprimiram o seu descontentamento e a sua indignação. Estamos perante um movimento transnacional de cidadãos desconhecidos, que se coordena entre si, e que está a tomar em mãos acções concretas de manifestação e de protesto organizado para dizer “basta”.

Manifestantes organizados em vários grupos com nomes tão diversos como: “os indignados”, “os 99%”, “os geração à rasca”, “os Occupy Wall Street”, mas cujo fito é a todos comum, mudar o sistema em que o mundo tem estado assente, mudar do actual modelo de uma economia quase em exclusivo baseada nas finanças, baseada nos seus movimentos financeiros e sustentada nos enormes ganhos financeiros, obtidos de forma fácil e rápida, cujas faces visíveis são as suas principais praças financeiras mundiais.

Sinto que a globalização finalmente está a demonstrar também os seus benefícios, sejam eles a vontade de se mudar de sistema de organização das sociedades, a necessidade de se mudar a forma como as economias se organizam e se relacionam, seja finalmente a necessidade de todos os cidadãos terem um papel activo nessa mudança.

Foi necessário chegar-se ao limite do aceitável para que estes movimentos surgissem. Foi necessário que muitos quase perecessem perante as dificuldades para que muitos outros despertassem. Se calhar não teria sido necessário ser assim, mas nunca como hoje se percebe que o mundo está em rápida mudança, transformação de atitudes e de concretização de uma nova forma de estar.

É bom que quem está a liderar os nossos destinos o perceba. Quer quem nos lidera localmente, como quem nos lidera na Europa, e que percebam as novas responsabilidades que lhes cabem assumir. As mudanças que se devem efectuar não se fazem por decreto, mas sim por acções. As mudanças que se exigem não se concretizam isoladamente, mas no nosso caso, dentro de uma coordenação europeia. As mudanças não se fazem contra as pessoas, mas sim com elas.

É esta a esperança que devemos ter de um mundo melhor, com a participação activa e consciente de todos, sem excepção.

Rui Saraiva
Gestor


Publicado In Semanário Grande Porto - 21 Outubro 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Perseguindo a Excelência

Perante os enormes desafios que toda a sociedade tem pela frente, perante as inevitáveis provações que alguns já presentemente sentem mas que todos, em escalas diferentes, iremos sofrer, sinto que precisamos de estar ao nosso melhor nível.
Não basta fazer o que até hoje se fez, nem é suficiente manter a forma como nos comportamos socialmente ou profissionalmente. É necessário fazer mais, trabalhar mais, e fazer diferente, mudar a forma como abordamos os desafios e alterar a forma como os pretendemos vencer. Ser inovador nos processos, ser diferenciador na forma e no conteúdo. Pensar ‘fora da caixa’. Tentar ter uma visão mais em perspectiva da nossa própria actividade, ganhar distanciamento na análise de tudo que fazemos, para conseguir encontrar novas formas de o fazer, formas que sejam mais eficazes, ou mais eficientes, ou que tão só permitam acrescentar valor ao que já se faz, acrescentando maior qualidade.
Esta necessidade de nos superarmos a nós mesmos, de ultrapassarmos o que julgamos serem os nossos próprios limites, físicos e intelectuais, sermos capazes de testar ao limite as nossas capacidades, os nossos conhecimentos, as nossas competências, vencermo-nos em primeiro lugar, e com isso sabermos que podemos vencer todo e qualquer desafio que se nos coloquem.
Persistir, insistir, nunca desistir. Saber que pode não se conseguir alcançar à primeira os objectivos, mas saber que se tem de tentar outra vez, por outros caminhos, ou com outros processos. Ousar. Desafiar. Arriscar. Falhar, mas olhar a falha como parte do processo, aprendendo, analisando as causas dessa falha, para as corrigir, e saber que deve tentar outra vez e dessa vez com ainda maior determinação.
A isto se designa de mérito e superação.
Todos nós devemos incorporar essa atitude, e devemos incentivar essa atitude nos outros. O suficiente já não chega. A atitude de darmos mais do que à partida esperam de nós, de sermos capazes de ir mais além, de acrescentar mais valor ao que fazemos. Estarmos receptivos a mudar a forma como nós próprios fazemos as coisas e aceitarmos as propostas de mudança que nos apresentam. Não há perfeição, mas aperfeiçoamento. Cada passo num caminho, na procura da excelência.
Não devemos condenar o erro, desde que ele não resulte de desleixo, de incompetência, de descrença ou de resignação. Se o erro derivar da atitude da procura contínua em alcançar os resultados e da tentativa de ultrapassar as expectativas devemos aceitá-lo como parte de um processo ganhador. 
Partilhar os sucessos, falar deles, mas falar de todo o processo que levou ao atingimento desses sucessos, falando das fases menos boas, explicando que elas também fazem parte do sucesso. As pequenas desilusões, os percalços, as barreiras que tiveram de ser derrubadas, os recuos que foram fundamentais para ganhar balanço para as novas e decisivas arrancadas.
Partilhar as vitórias, saber semear a atitude ganhadora, mesmo que com isso venha a ‘pequena inveja’, que será secundarizada se todos nos abalançarmos no nosso destino comum: vencer!
Rui Saraiva
Gestor

Publicado In Semanário Grande Porto - 7 de Novembro de 2011