sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Liderança a Norte

Marcelo Rebelo de Sousa colocou um ponto final na conclusão que todos conheciam e já interiorizavam, mas poucos já ousavam afirmar. Rui Rio não soube liderar o PORTO e muito menos liderar o NORTE, não tendo sido capaz, nos seus mais de 10 anos de presidência, de ir além da simples boa gestão do seu município, mas tão só e apenas dentro das fronteiras da própria urbe.


De facto a Região NORTE perdeu fôlego, perdeu influência e sobretudo perdeu capacidade própria de afirmação. Resignou-se.

Esta situação a que hoje chegamos não decorre apenas da fraca capacidade intrínseca de liderança e de projecção de toda esta região. Foi sobretudo causada por uma fraca capacidade de combate contra as decisões centralistas dos sucessivos governos nacionais.

Este problema não se resume em apelidar o PSD de ser centralista ou de classificar PS de regionalista. Aliás, existem inúmeros exemplos concretos em que o que ocorreu foi exactamente o inverso. Foram governos do PSD que localizaram no PORTO sedes de organismos fundamentais, como a ‘Bolsa de Derivados do Porto’ ou a sede da ‘AIP’ (hoje AICEP), e que foram governos do PS que decidiram relocalizar as sedes desses organismos novamente em LISBOA, ou de apoiar a criação de concorrência de ‘Serralves’ em LISBOA, como foi o caso do ‘Museu Berardo’.

Agora, sob o pretexto da austeridade, pretende-se reduzir os custos do funcionamento do Estado concentrando-se ainda mais em LISBOA os serviços e as decisões. Há sempre uma boa nova justificação para a continuidade das políticas erradas. Numa época de profunda crise, quando há menos dinheiro e menos poder, assiste-se sempre à tentativa de querer ficar com o pouco dinheiro e consequentemente com o poder ainda existente, concentrando apenas em volta do governo os últimos parcos recursos, diminuindo drasticamente a sua distribuição e afectação territorial.

Rui Rio pagou as contas da cidade a tempo e horas, mas o PORTO perdeu o Mundo.

Já é tempo de o PORTO e de o NORTE ganharem novamente o seu amor próprio, escolhendo novas lideranças políticas, mais jovens, menos comprometidas, mais arrojadas, corajosas, que não se disponham a agir sempre dentro dos limites do que é considerado politicamente correcto. 

Para bem do PORTO e fundamentalmente para bem das gentes do NORTE.

Rui Saraiva

Gestor

Publicado In Semanário Grande Porto - 10 de Fevereiro de 2012

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