Morreu o Presidente da
Venezuela. Realizam-se hoje as cerimónias fúnebres, com o país enlutado por 7
dias consecutivos. Hugo Chavez perdeu a batalha contra a doença de que padecia,
mas marcou todo o seu tempo de vida, e foi um dos líderes mais impressivos no
tabuleiro da geopolítica internacional.
Uns chamavam-lhe
populista, outros reconhecem-lhe a forma como soube estar sempre próximo dos
venezuelanos, aplicando no país que liderou uma série de políticas que
permitiram a diminuição da pobreza que grassava, e pôde contribuir para a
reintegração de grandes franjas da população venezuelana, que estavam muito
afastadas de qualquer oportunidade de realização social ou profissional.
Hugo Chavez conseguiu combater
a hegemonia político-económica norte-americana, fortemente enraizada na América
do Sul e Central, mas que conseguiu vergar, não se atemorizando com as ameaças
que recebia quando se aproximava de Fidel Castro e de Cuba, demonstrando todo o
apoio a este regime cubano.
A sua ligação ao regime
cubano era por devoção, mas por vezes tacticamente aliou-se a outros regimes
anti-norte-americanos como o regime pré-nuclear Iraniano.
Este desafio permanente
aos Estados Unidos, permitiu-lhe ganhar apoios internos e externos. Tanto que
outros países vizinhos da América do Sul se foram aproximando e lhe foram
mostrando apoio e admiração.
A força
política de Chavez não se baseava apenas no apoio popular interno, mas sobretudo nas
enormes reservas petrolíferas da Venezuela, e na riqueza gerada pela venda do
petróleo nos mercados internacionais, que lhe proporcionaram a independência
energética tão fundamental para se ter voz nos palcos políticos internacionais.
A economia venezuelana
padece de sustentabilidade, é uma economia muito débil, assente na riqueza que
advém do petróleo, e não aproveitou esses ‘bons ventos’, para construir uma
indústria naval, para organizar uma frota pesqueira, para formar uma indústria
produtiva forte e marcante. A Venezuela apenas assistiu a um grande
investimento em infra-estruturas, mas não está preparada para as rentabilizar.
Faltam quadros técnicos, profissionais qualificados que possam em várias áreas
da economia contribuir para um crescimento económico sustentado, longe das
influencias do crude e dos dólars.
Portugal deve querer
ter um papel mais influente no futuro da Venezuela e para tal terá de melhorar
e estreitar as ligações políticas e económicas com este país. E a Venezuela
terá interesse nisso, porque há muitos anos que os venezuelanos reconhecem nos
portugueses que para lá emigraram uma grande capacidade de trabalho, um esforço
e dedicação a criar riqueza, não só para eles próprios como também para o país
onde se instalaram.
Com o desaparecimento
deste marcante político, será que também desaparece o seu projecto, que começou
na República Bolivariana da Venezuela?
Qual será o resultado
das eleições que por imposição constitucional vão ter de se realizar dentro de
poucas semanas?
O mundo todo, uma vez mais,
vai estar de olhos postos na Venezuela, e assim para já Hugo Chavez
continua e continuará a marcar a agenda política mundial.
Rui
Saraiva
GestorPublicado In Semanário Grande Porto - In 8 de Março de 2013
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