sábado, 20 de abril de 2013

Sócrates e o PS


O recente regresso de José Sócrates aos palcos públicos nacionais despertou uma série de inquietações em muitos e causou uma enorme instabilidade em vários domínios, seja na comunicação social, seja em todos os partidos políticos, seja nos comentários de todos os que têm intervindo com as suas opiniões na blogosfera.

Fui dos poucos que resisti em reagir a quente. Preferi ficar atento aos desenvolvimentos, e acompanhar o que se ia passando, observando à distância as várias intervenções que iam sendo efectuadas a este propósito.

Muito se escreveu, comentou e especulou sobre as reais intenções de José Sócrates ao aderir ao convite formulado pela RTP, para competir com o programa semanal do dominical Professor Marcelo Rebelo de Sousa, na TVI, canal esse também preferido pelos portugueses.

Quaisquer que fossem, ou ainda sejam, as intenções, este facto provocou em si mesmo uma aceleração em cadeia de movimentos nos diversos órgãos de comunicação social, com uma série de transferências de comentadores políticos que passaram de uns canais para outros, envolvendo quer os canais em sinal aberto quer os seus sucedâneos no cabo.

A bem da liberdade de expressão e de opinião temos hoje um vasto leque de escolhas, da esquerda à direita do espectro político nacional, sendo que qualquer cidadão interessado pela actualidade política consegue agora melhor concluir sobre a realidade que o envolve.

Hoje, que estão passados os primeiros capítulos deste novo enredo, e que estão mais serenados os ânimos políticos, estamos em melhores condições para analisar os impactos presentes e futuros deste ressurgimento.

Há um PS que se mantém fiel a Sócrates, mas que foi derrotado internamente e continua a ser derrotado, apesar de não desistir dos seus intentos, o que foi muito visível na recente tentativa gorada de uma putativa candidatura de António Costa à liderança do PS. Esta fidelidade advém das fortes ligações e interdependências criadas aquando da acção governativa socialista, quando estes lideravam os destinos do nosso país. António Costa fez bem ao ter sacudido os ímpetos dos que o tentavam empurrar , não para o servirem mas para se auto-alavancarem no seu possível percurso político.

Há um PS que muito dificilmente aceitará que haja um novo ascendente político interno da ala socrática, principalmente porque durante o tempo em que Sócrates liderou o PS se sentiu ostracizado e sem voz ou peso dentro do próprio partido.

O PS para ser alternativa ao PSD e para chegar ao governo terá de apaziguar as suas almas mais inquietas e afastar os fantasmas que ainda persistem no seu seio. Estamos perto do melhor momento para isto ser feito que é o próximo Congresso Nacional do PS no final deste mês em Santa Maria da Feira.

Deve Sócrates fazer as pazes com o PS?

Deve o PS fazer as pazes com Sócrates?

A resposta parece óbvia com vantagens para ambos os lados.

Rui Saraiva
Gestor

Publicado In Semanário Grande Porto - In 19 de Abril de 2013

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