O recente regresso de
José Sócrates aos palcos públicos nacionais despertou uma série de inquietações
em muitos e causou uma enorme instabilidade em vários domínios, seja na
comunicação social, seja em todos os partidos políticos, seja nos comentários
de todos os que têm intervindo com as suas opiniões na blogosfera.
Fui dos poucos que
resisti em reagir a quente. Preferi ficar atento aos desenvolvimentos, e
acompanhar o que se ia passando, observando à distância as várias intervenções
que iam sendo efectuadas a este propósito.
Muito se escreveu,
comentou e especulou sobre as reais intenções de José Sócrates ao aderir ao
convite formulado pela RTP, para competir com o programa semanal do dominical
Professor Marcelo Rebelo de Sousa, na TVI, canal esse também preferido pelos
portugueses.
Quaisquer que fossem,
ou ainda sejam, as intenções, este facto provocou em si mesmo uma aceleração em
cadeia de movimentos nos diversos órgãos de comunicação social, com uma série
de transferências de comentadores políticos que passaram de uns canais para
outros, envolvendo quer os canais em sinal aberto quer os seus sucedâneos no
cabo.
A bem da liberdade de
expressão e de opinião temos hoje um vasto leque de escolhas, da esquerda à
direita do espectro político nacional, sendo que qualquer cidadão interessado
pela actualidade política consegue agora melhor concluir sobre a realidade que
o envolve.
Hoje, que estão
passados os primeiros capítulos deste novo enredo, e que estão mais serenados
os ânimos políticos, estamos em melhores condições para analisar os impactos
presentes e futuros deste ressurgimento.
Há um PS que se mantém
fiel a Sócrates, mas que foi derrotado internamente e continua a ser derrotado,
apesar de não desistir dos seus intentos, o que foi muito visível na recente
tentativa gorada de uma putativa candidatura de António Costa à liderança do
PS. Esta fidelidade advém das fortes ligações e interdependências criadas
aquando da acção governativa socialista, quando estes lideravam os destinos do
nosso país. António Costa fez bem ao ter sacudido os ímpetos dos que o tentavam
empurrar , não para o servirem mas para se auto-alavancarem no seu possível
percurso político.
Há um PS que muito
dificilmente aceitará que haja um novo ascendente político interno da ala
socrática, principalmente porque durante o tempo em que Sócrates liderou o PS
se sentiu ostracizado e sem voz ou peso dentro do próprio partido.
O PS para ser
alternativa ao PSD e para chegar ao governo terá de apaziguar as suas almas
mais inquietas e afastar os fantasmas que ainda persistem no seu seio. Estamos
perto do melhor momento para isto ser feito que é o próximo Congresso Nacional
do PS no final deste mês em Santa Maria da Feira.
Deve Sócrates fazer as
pazes com o PS?
Deve o PS fazer as
pazes com Sócrates?
A resposta parece óbvia
com vantagens para ambos os lados.
Rui
Saraiva
GestorPublicado In Semanário Grande Porto - In 19 de Abril de 2013
Deus o ouça e que o PS nunca mais volte aos desvarios "socráticos".
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