sábado, 14 de setembro de 2013

Síria Sob Ataque

Hoje ninguém se lembra quem começou os primeiros ataques entre os cidadãos sírios. Hoje ninguém consegue distinguir correctamente quem agiu belicosamente e quem reagiu também de forma tempestiva às primeiras refregas. Já não é mais importante saber quem deu o primeiro tiro, se foi o Governo ou as suas forças armadas, ou se foram os membros da oposição e as milícias rebeldes que a apoia.

O que hoje importa é que esta escalada de violência tem sido mostrada ao mundo através de imagens de enorme horror. As imagens mostram um gigantesco sofrimento dos dois lados dos contendores.

Como é que um povo se pode dividir desta forma?

As várias religiões presentes nesta região e as diferentes etnias não podem ser a explicação. Não podemos aceitar, ninguém pode aceitar uma qualquer justificação para os actos de verdadeiro terror cometidos na Síria, contra populações inocentes, que tendo opinião e apoiando um dos lados não se encontram em confronto.

O corolário deste cenário dantesco ocorreu no final do passado mês de Agosto quando nos chegaram ao conhecimento relatos e imagens de centenas e mesmo milhares de pessoas que tinham morrido ou ficado seriamente afectadas após ataques aparentemente perpetrados com armas químicas.

Foi o necessário para a comunidade internacional acordar para estes massacres. Com os Estados Unidos a encabeçarem os protestos, quer no seio das Nações Unidas quer na Cimeira do G20, acompanhados por uma França arrojada e por uma tímida Inglaterra.

Estavam já a ser preparados os pormenores finais de um ataque militar americano a objectivos estratégicos na Síria, com vista à eliminação dos alvos militares que pudessem representar novas futuras ameaças de novos ataques com armas químicas.

A Rússia, que apoia estrategicamente o Governo Sírio, por representar uma zona tampão dos interesses ocidentais e americanos, veio interpor-se a esta vontade, fechando o Conselho de Segurança na Nações Unidas à vontade de uma posição da Comunidade Internacional que pudesse apoiar uma intervenção militar em grande escala com invasão territorial.

Os princípios que devem ser defendidos são claros, as armas químicas nunca deverão ser utilizadas contra populações indefesas, e não devem nem podem ser utilizadas para aniquilar oposições políticas a regimes políticos, sejam eles legítimos ou ditatoriais.

Os Estados Unidos, ainda apoiados por muitos países mantêm a ameaça de guerra à Síria sem ‘botas no chão’, mas abrem a porta à possibilidade de não atacarem se for concretizada a hipótese de controlo pela Comunidade Internacional do arsenal de armas químicas sírio, com a sua posterior destruição, anulando assim a ameaça de novas utilizações.

Nenhum outro interesse estratégico, económico, militar, energético se pode sobrepor à defesa intransigente da dignidade do ser humano e do respeito pela vida humana.

A Comunidade internacional tem de agir rapidamente e com toda a veemência para fazer da Síria um exemplo para todo o Mundo, em primeiro lugar para que não ocorram noutras geografias outros cenários de verdadeiro inferno e desprezo pela vida humana, mas principalmente para defender a própria Síria e o seu Povo da sua auto-destruição.

Rui Saraiva
Gestor

Publicado In Semanário Grande Porto - In 13 de Setembro de 2013

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