Os
resultados eleitorais das autárquicas realizadas no passado Domingo não podem
deixar nenhum partido satisfeito, com excepção da CDU.
Em termos
nacionais, o Governo e a coligação partidária que o sustenta tiveram um claro
cartão amarelo, com uma derrota histórica caracterizada pela perda de Câmaras
Municipais e de Juntas de Freguesia, com uma enorme perda de eleitorado.
O Partido
Socialista foi de facto o grande vencedor, porque soube melhor resistir à
hecatombe, e não deixou de sofrer também uma significativa perda de votos.
Tendo o PS conquistado muitas Câmaras ao PSD, como Vila Real ou Sintra, também
perdeu Câmaras emblemáticas como Braga, Guarda ou Loures, perdendo algumas
delas para a CDU.
Deve
merecer atenção cuidada os votos em branco e os votos nulos, e deve ser
profundamente analisado o nível da abstenção, que foi superior a 47% do total
dos cidadãos eleitores.
No Distrito
do Porto, o PS perdeu Amarante, Matosinhos e Trofa, concelhos de forte apoio
militante à liderança distrital, compensado parcialmente com as grandes
vitórias em Valongo, Gondomar e Gaia.
Mas é no
Porto que as fragilidades do PS melhor se percebem.
O Porto é
inquestionavelmente o concelho mais importante em termos nacionais e em termos autárquicos.
E, no
Porto, o PS sofreu uma pesadíssima derrota. Essa derrota é enorme.
Não apenas
porque o PS PORTO não conseguiu reconquistar a Câmara Municipal após 12 anos de
afastamento, não tendo sabido aproveitar o fim de ciclo da presidência de Rui
Rio que já não se podia mais recandidatar, não tendo sabido aproveitar uma
direita profundamente dividida, e não tendo sabido aproveitar um enorme
descontentamento com as políticas do Governo PSD/CDS-PP.
A
enormidade da derrota do PS PORTO é-o sobretudo porque representa o pior
resultado autárquico de sempre, desde o 25 de Abril de 1974, apesar do PS PORTO
estar há mais de 3 anos todo unido em volta do Presidente da sua Concelhia e
candidato à Câmara do Porto.
O Candidato
do PS, Manuel Pizarro, é um bom Homem, conheço-o relativamente bem… mas isso
não chega…
Uma
liderança pouco impressiva, pouco capaz. Uma candidatura muito fechada, e pouco
inclusiva, embora aparentemente dita como aberta e ouvinte dos cidadãos. (Alguns
dos que acompanhavam Manuel Pizarro e o rodeavam afastaram todos os que se lhe
aproximavam, numa tentativa de serem apenas eles os que dirigiam e influíam na
campanha e na candidatura). Uma lista muito pouco conhecida. Propostas muito
pouco convincentes ou totalmente inadequadas e opacas (…como aquela dos painéis
solares para os bairros sociais com custos de 25 milhões de euros…).
Uma
estratégia política errada, com sucessivos ataques a Menezes, concentrando
todos os esforços em atacar o rival vindo de Gaia, papel esse que nunca deveria
ser o de Manuel Pizarro. Diz-se até que fez o frete a Rui Rio e aos apoiantes
do agora novo Presidente da Câmara Municipal do Porto, o Dr Rui Moreira.
Esta
derrota deve ter consequências políticas imediatas, pois Manuel Pizarro que
politicamente foi encostado às cordas, deve retirar-se já da liderança política
do PS PORTO e pedir a sua demissão~, assumindo pessoalmente a derrota, tirando
consequências do que aconteceu e não reagindo como se tivesse ganho as
eleições, que foi a leitura que todos fizeram do seu discurso na noite
eleitoral.
Estará o PS PORTO uma vez mais afastado da Câmara Municipal
do Porto, por mais 12 anos ?
Rui Saraiva
GestorPublicado In Semanário Grande Porto - In 4 de Outubro de 2013
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