sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Avalanche Autárquica


Os resultados eleitorais das autárquicas realizadas no passado Domingo não podem deixar nenhum partido satisfeito, com excepção da CDU.

Em termos nacionais, o Governo e a coligação partidária que o sustenta tiveram um claro cartão amarelo, com uma derrota histórica caracterizada pela perda de Câmaras Municipais e de Juntas de Freguesia, com uma enorme perda de eleitorado.

O Partido Socialista foi de facto o grande vencedor, porque soube melhor resistir à hecatombe, e não deixou de sofrer também uma significativa perda de votos. Tendo o PS conquistado muitas Câmaras ao PSD, como Vila Real ou Sintra, também perdeu Câmaras emblemáticas como Braga, Guarda ou Loures, perdendo algumas delas para a CDU.

Deve merecer atenção cuidada os votos em branco e os votos nulos, e deve ser profundamente analisado o nível da abstenção, que foi superior a 47% do total dos cidadãos eleitores. 

No Distrito do Porto, o PS perdeu Amarante, Matosinhos e Trofa, concelhos de forte apoio militante à liderança distrital, compensado parcialmente com as grandes vitórias em Valongo, Gondomar e Gaia.

Mas é no Porto que as fragilidades do PS melhor se percebem.

O Porto é inquestionavelmente o concelho mais importante em termos nacionais e em termos autárquicos.

E, no Porto, o PS sofreu uma pesadíssima derrota. Essa derrota é enorme.

Não apenas porque o PS PORTO não conseguiu reconquistar a Câmara Municipal após 12 anos de afastamento, não tendo sabido aproveitar o fim de ciclo da presidência de Rui Rio que já não se podia mais recandidatar, não tendo sabido aproveitar uma direita profundamente dividida, e não tendo sabido aproveitar um enorme descontentamento com as políticas do Governo PSD/CDS-PP.

A enormidade da derrota do PS PORTO é-o sobretudo porque representa o pior resultado autárquico de sempre, desde o 25 de Abril de 1974, apesar do PS PORTO estar há mais de 3 anos todo unido em volta do Presidente da sua Concelhia e candidato à Câmara do Porto.

O Candidato do PS, Manuel Pizarro, é um bom Homem, conheço-o relativamente bem… mas isso não chega…

Uma liderança pouco impressiva, pouco capaz. Uma candidatura muito fechada, e pouco inclusiva, embora aparentemente dita como aberta e ouvinte dos cidadãos. (Alguns dos que acompanhavam Manuel Pizarro e o rodeavam afastaram todos os que se lhe aproximavam, numa tentativa de serem apenas eles os que dirigiam e influíam na campanha e na candidatura). Uma lista muito pouco conhecida. Propostas muito pouco convincentes ou totalmente inadequadas e opacas (…como aquela dos painéis solares para os bairros sociais com custos de 25 milhões de euros…).

Uma estratégia política errada, com sucessivos ataques a Menezes, concentrando todos os esforços em atacar o rival vindo de Gaia, papel esse que nunca deveria ser o de Manuel Pizarro. Diz-se até que fez o frete a Rui Rio e aos apoiantes do agora novo Presidente da Câmara Municipal do Porto, o Dr Rui Moreira.

Esta derrota deve ter consequências políticas imediatas, pois Manuel Pizarro que politicamente foi encostado às cordas, deve retirar-se já da liderança política do PS PORTO e pedir a sua demissão~, assumindo pessoalmente a derrota, tirando consequências do que aconteceu e não reagindo como se tivesse ganho as eleições, que foi a leitura que todos fizeram do seu discurso na noite eleitoral.

Estará o PS PORTO uma vez mais afastado da Câmara Municipal do Porto, por mais 12 anos ?

Rui Saraiva
Gestor

Publicado In Semanário Grande Porto - In 4 de Outubro de 2013 

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